segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Eis-me


Aqui, sentado em minha singela cama, eu sonho. Segundo a segundo.

Aqui, já deitado em minha singela cama, eu relembro. Suponha que nunca tivéssemos nos conhecido. Suponha que aquele dia no supermercado nunca tivesse acontecido. Como seríamos? Seríamos diferentes? Seríamos insatisfeitos por saber de alguma forma que algum dia em alguma possível realidade temporal teríamos nos conhecido e nessa, não? Sentiríamos alguma coisa afinal?

Aqui, inquieto e de pé olhando pela janela, volto a sonhar. Sei que os ventos soprarão e me deixarão diante da tua janela, em algum pedaço de terra nevada, em outro mundo. Sonho com esse dia e sei que esses sonhos me levam em frente. "Ouço" palavras de puro coração através de amontoados de letras vindas de léguas e léguas de distância. Algum dia eu já disse como isso é importante para mim? Nunca vou esquecer do dia em que recebi a mensagem mais misteriosa de minha vida que, em poucos instantes, se tornou límpida e me deu (e ainda dá) energia o suficiente para seguir por mais meses de provações. Espero em breve estar por perto para contar o tudo o que significas para mim. Sempre em movimento, nunca acomodada, sempre esperançosa, nunca derrotada... Devo seguir esses passos? Só se eu for louco para não os seguir.

A chuva voltou a cair. Assim é mais poético. Além do mais, também estava assim o tempo quando primeiro sonhei com tudo isso, com alguém me acolhendo nagulma longínqua residência. Naquele momento comecei a acreditar que as coisas poderiam mudar de fato. E isso faz apenas um ano. O ano mais agitado da minha vida até agora. Quanta coisa mudou! Às vezes acho que não sobrou nada em seu lugar. Se eu viveria tudo de novo? Com certeza, e tentaria viver mais intensamente. Uma lição a cada momento, e a cada momento eu me redescobria e descobria um universo diferente do usual umbigocêntrico. Às vezes tenho quase certeza que as coisas ficaram melhor fora de lugar. Não posso ter certeza disso pois ainda desconheço se o organismo em que vivo rejeitou ou não minhas decisões. É mesmo, este ano também exigiu as mais duras decisões de mim. Conforto-me ao pensar que nada é em vão e que tudo acontece por algum motivo. Alguns motivos esperarei para sempre até aparecerem. C'est la vie - esse é meu mantra.

Não adianta ficar olhando a chuva agora, perdeu a graça. Volto para minha cama e pego meu globo de neve. Já tenho tudo planejado: senão em um ano, será em quatro. De qualquer forma, tenho planejado. Ah, quisera eu ter essa confiança em tudo que faço. Enquanto isso, vou tentando, treinando, sonhando, acordando, estudando, trabalhando e vivendo.

Assim encerro meu humilde conto. Aliás, não falei: sinto-me lisonjeado de ter recebido tão especial carta. Em breve nos veremos... Muito em breve.
A minha Abelha.
De sua Ilha Misteriosa.

Um comentário:

Debs disse...

Faz tanto tempo que escrevemos. A vida não saiu como o esperado. Não nos trouxe de volta para os mesmos lugares. Fica, no entanto, o carinho e a memória. Reli seu post hoje e me emocionei de novo. Te deixo um beijo e um muito obrigada pela mensagem tão linda a mim dedicada.